Como oferecer uma educação libertadora em meio a enorme desigualdade social brasileira?
Direito educacional. Direito social. Direito constitucional.
Segundo o wikipédia, "a pedagogia libertadora, também denominada pedagogia da libertação, faz parte dos postulados centrais de Paulo Freire, a qual é conhecida e pesquisada em diversas universidades ao redor do mundo. Esta pedagogia propõe uma educação crítica a serviço da transformação social. O termo está também associado à filosofia da libertação, de Enrique Dussel.
Segundo Dussel, o processo pedagógico passa pelo ser humano, que é agente da própria libertação. A Pedagogia Libertadora utiliza" gírias ", ou seja, os alunos são alfabetizados com as palavras que usam no diaadia, sempre associando o processo de alfabetização com a vida". (1)
A educação libertadora é um tema que gera muito debate. Pela nossa diversidade cultural e intelectual, cada um tem uma perspectiva sobre esse tema.
O legal disso tudo, é saber ouvir diversas perspectivas e tentar achar um meio termo entre elas. Vivemos em sociedade, e todos temos direito à vida e o direito a adotar uma crença que mais se adapta à sua realidade.
Para as famílias conservadoras, falar em "educação libertadora" é "doutrinação", é uma tentativa errada de transformar alunos em "massas de manobras", seja lá o que isso significa.
Quando digo famílias conservadoras, me refiro aquelas famílias tradicionais, onde existe a figura do pai e da mãe e filhos desse mesmo casal. É a família católica, religião essa predominante na cultura brasileira. Os portugueses eram católicos!
- ah, quase ia me esquecendo, família conservadora, geralmente é a família branca.
Para aqueles mais liberais, educação transformadora é aquela em que preza a autonomia do aluno. Aquela em que carrega valores do conhecimento técnico. Conhecimentos técnicos esses, que fazem com que o aluno possa se inserir no mercado de trabalho, onde não importa o tipo do trabalho, o fundamental é conseguir se manter um assalariado. As vezes, a necessidade de manter o salário é tão grande, que o trabalhador até concorda em flexibilizar normas de segurança e saúde no trabalho.
Mas existem uma outra espécie de famílias liberais.
Existem aquelas famílias liberais que acreditam que "educação libertadora" é aquela em que tem como foco a priorização de valores que constroem a justiça social e que liberta o homem do preconceito e da discriminação. Assim, a educação desmonta o discurso da neutralidade, mais conhecido como "senso comum". Com isso, essa educação libertadora institui os valores éticos e da equalização social como pressupostos indispensáveis para a instauração de uma educação e sociedade mais justa, democrática e igualitária. (2)
Independe de qual família você está inserido, e acredito que esse rol que classifiquei seja um rol exemplificativo, ou seja, é possível que existem outras formas de núcleos familiares. Mas para mantermos a paz social, precisamos achar um equilíbrio para todas os núcleos familiares do Brasil.
A pandemia do Corona Vírus nos trouxe a necessidade de debatermos as diferenças sociais e econômicas dos núcleos familiares. Porque, como nossos governantes irão trabalhar sem saber as reais necessidades dos diferentes núcleos familiares existentes no território brasileiro?
O governo federal fala que é só uma "gripezinha", e que não quer liberar o auxílio emergencial para todos os vulneráveis do país. Essa demora em dispor desse auxílio, faz com que muitos assalariados ignorem as medidas de prevenção da contaminação do vírus, e esses assalariados se vêm obrigados a sair para exercer o seu trabalho. Mas, se serem contaminados, as chances de morrerem por falta de tratamento é grande. Mas fazer o que, são meros assalariados!
O governo do Estado de SP está priorizando a saúde dos cidadãos. Suspendeu as aulas para evitar que crianças e adolescentes carreguem o vírus para seus núcleos familiares. Garantiu o programa "Merenda em casa", para auxiliar a família daquele aluno que está passando por uma situação de vulnerabilidade. Vulnerabilidade esta, que está relacionado com aquelas famílias, cuja renda não passa de R$ 89,00 por pessoa.
Mas o governo federal está em uma luta ideológica querendo que os Estados rompam com as medidas preventivas da saúde, para que os cidadãos continuem se expondo ao vírus com suas rotinas comuns de trabalho.
É tão absurdo, que o Brasil foi excluído da Organização Mundial da Saúde - OMS. (4)
Por outro lado, o governo do Estado de SP está tentando manter o ano letivo de 2020. Adotou aulas não presenciais, mas esqueceu, que o Estado de SP não tem 100% dos alunos incluídos digitalmente. E agora o que fazer?
Adotou material impresso para que esses alunos com dificuldade de estudar por meio digital, seja dificuldade econômica, seja psicológica. Mas, por motivo de falha logística, esse material não chegou dentro do prazo nas escolas. E os alunos, especialmente dos anos finais, que é o 9º ano do fundamental e 3º ano do ensino médio, esses alunos estão preocupados se irão conseguir assimilar o conteúdo para a prova do ENEM. Por isso, muitos acreditam que adiar o ENEM por conta do Corona Vírus seria a solução.
O importante desse estado de calamidade pública que estamos passando, é da necessidade de se debater as desigualdades sociais existentes. Isto é um assunto, que tem que estar escancarado, para que nas próximas eleições, políticos oportunistas, abandonem estratégias de entregar cesta básica por voto, e que apresentem políticas públicas para a população, de desenvolvimento estrutural social, que assim, possa reduzir o número de indivíduos em situação de vulnerabilidade social.
Como disse a cantora baiana Pitty, na música Admirável chip novo:
"Pense, fale, compre, beba;
Leia, vote, não se esqueça;
Use, seja, ouça, diga;
Tenha, more, gaste, viva". (5)
Referências:
1. https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_libertadora
2. http://www.revista.pucminas.br/materia/a-importancia-da-educacao-libertadora-de-paulo-freire/
3. https://www.facebook.com/carlosgiannazioficial/videos/317689995863724 (Exclusão e desigualdade na rede pública de ensino).
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